O que é arte decolonial? E por que ela importa para o colecionismo contemporâneo
Um olhar sobre como a arte decolonial questiona estruturas eurocentradas e propõe novos caminhos para o colecionismo atual.
Nos últimos anos, o termo arte decolonial passou a ocupar espaço em museus, galerias e debates críticos. Mais do que uma tendência, trata-se de uma mudança de perspectiva que vem impactando a forma como entendemos a produção artística e, sobretudo, o colecionismo contemporâneo.
Essa abordagem nasce da necessidade de revisar narrativas históricas construídas a partir de um olhar eurocentrado. Em vez de reafirmar padrões ocidentais, busca valorizar saberes, cosmologias e experiências que foram marginalizadas pela colonização. Nesse contexto, a presença de artistas indígenas e afrodescendentes no circuito atual tem sido fundamental para ampliar o debate.
O que propõe a arte decolonial
Essa vertente tem como objetivo deslocar a centralidade do olhar europeu na definição do que é arte. Ao invés de se apoiar em categorias fixas, propõe outras formas de pensar e produzir, muitas vezes vinculadas à oralidade, à memória coletiva e à relação direta com o território.
Diferenças em relação à arte eurocentrada
Enquanto a tradição ocidental tende a separar arte e vida, sujeito e objeto, a prática decolonial rompe com essas divisões. As obras não se restringem ao espaço da galeria ou do museu, mas podem assumir a forma de performances, rituais ou experiências comunitárias.
Esse deslocamento é relevante para o colecionismo contemporâneo porque redefine critérios de valor. A obra deixa de ser apenas objeto estético ou de investimento e passa a ser também portadora de histórias, saberes e processos de resistência.
Exemplos de artistas e obras
No Brasil, nomes como Denilson Baniwa têm ganhado destaque internacional ao tensionar estereótipos e reinventar narrativas sobre os povos originários. Em suas obras, elementos da cultura pop dialogam com símbolos da tradição indígena, abrindo espaço para novas possibilidades de representação e identidade.

Já Rosana Paulino é referência incontornável quando falamos em arte decolonial. Sua produção, marcada por bordados, fotografias e instalações, revisita a história da escravidão e da mulher negra no Brasil, expondo feridas históricas que ainda ecoam no presente.

Ambos nos mostram que colecionar não é apenas adquirir obras, mas também acolher histórias, memórias e perspectivas que reconfiguram o que entendemos por arte e por mundo.
Por que importa para o colecionismo contemporâneo
Incorporar essas produções ao colecionismo implica reconhecer que o valor de uma obra vai além da estética. Trata-se de compreender a arte como um campo onde se cruzam história, política e multiplicidade de perspectivas.
Para o colecionador, acompanhar esse movimento significa ampliar horizontes e participar de um processo de reparação simbólica e valorização da diversidade. É também a oportunidade de construir coleções que reflitam de maneira mais fiel a complexidade do presente.
A chamada arte decolonial é relevante porque desafia modelos estabelecidos e introduz novas formas de olhar para a produção artística. Para o colecionismo contemporâneo, ela representa não apenas a chance de diversificar acervos, mas de assumir um papel ativo em uma transformação cultural necessária.
Na Vitrina Arte, entendemos o colecionismo como prática que vai além da aquisição de obras. Ao se abrir a essas produções críticas e plurais, o colecionador contribui para um cenário mais inclusivo, questionador e comprometido com múltiplas vozes.